Vergonha: Empresas reinventam cargos a fim de pagar menores salários

Enfim chegamos ao auge da banalização profissional. A cara de pau que algumas empresas têm mostrado nos últimos tempos é algo que enoja a qualquer profissional.

A base para o crescimento de uma empresa está ligada ao desenvolvimento dos profissionais que compunham a instituição. No entanto, hoje parece que grande parte dos pequenos e médios empresários, tem optado pela reinvenção de cargos sem exigências qualificativas, que teriam as mesmas funções de um cargo destinado a profissionais graduados.

O porquê do surgimento destes cargos? Segundo esses empresários, seria a falta de pessoas qualificadas para a ocupação da vaga. Francamente né, conta outra. O que mais têm são pessoas graduadas e desempregadas. Muitas das quais se sujeitando a trabalhos totalmente diferentes de sua formação. Vem dizer que faltam pessoas qualificadas? Para algumas profissões, até concordo. Mas cá entre nós? O maior motivo é a pouca vergonha.

Na ânsia por reduzir gastos e triplicar seus faturamentos, essas empresas acabam ignorando as qualificações profissionais exigentes para o mercado e criam novos títulos com as mesmas funções, onde pagam salários que não chegam nem ao mínimo exigido por lei. Uma verdadeira exploração do trabalhador.

Só para se ter uma idéia, em São Paulo, capital financeira do país, já se tornou comum empresas oferecerem cargos para “assistente de vendas”, “fiscal de operação fotográfica”, “estagiário em vendas”, dentre outros codinomes que sinceramente, merecem aplausos pela criatividade e tamanha cara deslavada. Estágio em vendas? Como assim? Você vende e não recebe comissão? Pelo menos é do que os estagiários de vendas se queixam. Assistente de vendas? Na descrição diz que você oferece o produto, valoriza a sua imagem, induz o cliente à compra e finaliza o procedimento. Ora, isto não é uma venda direta? Essa é a mais brilhante de todas: “fiscal de operação fotográfica”. Em sua descrição está bem visível: tratamento de imagens, emissão de relatórios, rotinas administrativas e fotos em campo. Fotos em campo? Não seria uma vaga ligada diretamente ao profissional de fotografia? O pior disso tudo é saber que vem de uma empresa ligada ao jornalismo e que oferece uma vaga desse porte a qualquer pessoa, apenas para pagar R$ 450 de salário. Uma bela economia se não fosse o desastre de tirar o direito do fotógrafo a retratar os acontecimentos com o profissionalismo que você leitor merece.

Estagiários então nem vou entrar muito em detalhes, pois acredito que a maioria das pessoas já tenha percebido que o estagiário faz tudo que o profissional faz, além de rotinas administrativas e muitas vezes nem recebe salário. Ganha uma bolsa miserável que já vi aqui mesmo em São Paulo chegar ao cúmulo no valor de R$ 185.

Muita gente pode até discordar, mas a verdade, é que além da grande falta de ética e desrespeito profissional, essas empresas estão evidenciando o trabalho escravo. E se não me engano dá cadeia ou estou errado? São pessoas sem capacitação, realizando um trabalho que em tese teria de ser feito por um profissional qualificado, recebendo muito menos do que realmente deveria.

Quem diz que no Brasil a escravidão se esconde apenas em zonas rurais, certamente desconhece a amarga realidade dos grandes centros urbanos, aonde a exploração chega a níveis absurdos. As empresas estão fazendo do trabalhador um fantoche movido a migalhas de pão. Esta é a realidade. Desse jeito fica difícil erradicar a pobreza no país Srª Presidente.

Triste é saber que nessa história toda sempre quem sai perdendo é você, que se qualifica durante anos pra depois ver seu diploma ser rasgado em fração de segundos por instituições que visam apenas os seus interesses.

“País rico, é país sem pobreza!”. Belo slogan governo federal. Com certeza estamos no caminho certo!

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